Revisão Empirismo Terceirão

Publicado: junho 12, 2011 em Terceirão

EMPIRISMO: origem no grego empeiria, que significa “experiência” sensorial.

O problema do conhecimento sempre ocupou a maioria dos filósofos. O tema já era tratado pelos pensadores pré-socráticos, os quais, dada a maneira como abordavam o assunto, se dividiam entre racionalistas e empiristas. O racionalismo e o empirismo representam visões opostas na maneira de explicar como o homem adquire conhecimentos. Focaremos aqui o empirismo inglês que tem sua linha de pensamento na filosofia moderna, que se destaca o papel dos sentidos e da experiência sensível do conhecimento, logo, para os pensadores empiristas não há ideias inatas, contrariando a teoria do conhecimento platônica. Antes de estudarmos os expoentes do pensamento empirista nos séculos XVII e XVIII, David Hume, Francis Bacon e John Locke, consideramos um breve cenário histórico da época a qual fazia parte estes pensadores.

Cenário histórico nos séculos XVII e XVIII: O século XVI foi uma época de profundas transformações na visão do homem ocidental, época marcada por verdadeira paixão pelas descobertas. Essa efervescência, que caracteriza a atmosfera intelectual do Renascimento, trouxe consigo, a rejeição das idéias até então vigentes (o prestígio da Igreja e do Estado foi abalado pelo movimento da Reforma).O homem europeu descobre que há idéias bem diversas das que vinha aceitando como únicas verdadeiras, e passa a ter descrenças e dúvidas quanto ao conhecimento da verdade, expressando um clima de ceticismo (doutrina que nega toda forma de conhecimento da verdade).Entretanto, era necessário que se encontrasse o caminho certo. E essa era a preocupação que se generalizou a partir do final do século XVI e que irá caracterizar a investigação filosófica do século XVII e XVIII. Duas grandes orientações metodológicas surgem, então, abrindo as principais vertentes do pensamento moderno: de um lado, a perspectiva empirista proposta por Francis Bacon, a preconizar uma ciência sustentada pela observação e pela experimentação, e que formularia indutivamente as suas leis, partindo da consideração dos casos ou eventos particulares para chegar a generalizações, por outro, inaugurando o racionalismo moderno, Descartes busca na razão os recursos para a recuperação da certeza científica.

Filósofo escocês viveu de 1711 a 1776. Hume é de fundamental importância, pois inspirou o grande filósofo Immanuel Kant na execução de seu próprio projeto filosófico. Hume coloca em questão os limites do conhecimento humano. Para ele temos que ser modestos em relação à capacidade do entendimento humano. Compartilhava com Locke da premissa empirista de que o nosso conhecimento de qualquer coisa fora de nós, seja da nossa própria experiência, seja a de outra pessoa só pode derivar da experiência. E, toma o cotidiano como ponto de partida. Queria retornar à forma original pela qual o homem experimentava o mundo.  Sua principal obra foi o Tratado da natureza humana, em que preconiza o método de investigação, em que consiste na observação e na generalização. Afirma que o conhecimento tem inicio com as percepções individuais, que podem ser impressões ou ideias. A diferença entre ambas depende da força e da vivacidade pelas quais as percepções atingem a mente.

  • As impressões: são atos originários do nosso conhecimento e correspondem aos dados da experiência presente ou atual. Referem-se às nossas sensações (ao que vemos ao que tocamos etc.) e aos nossos sentimentos (paixões, emoções, desejos, etc.);
  • As ideias: são as representações ou imagens debilitadas, enfraquecidas, das impressões no pensamento. São como marcas deixadas pelas impressões, uma vez estas desaparecidas.

Exemplo: Tenho a percepção deste automóvel. Recebo impressões como a cor, a forma, o ruído do motor, etc. Fecho os olhos e na minha mente continua a imagem do automóvel. A essa cópia enfraquecida da impressão original, dá Hume o nome de ideia.

Não há ideias inatas: Como todas as nossas ideias são cópias das impressões sensíveis, todas elas têm uma origem empírica. Uma pessoa que seja surda de nascença nunca conseguirá, segundo Hume, formar qualquer ideia do tipo musical porque nunca ouviu qualquer som musical.

Os conteúdos da mente: As percepções, impressões e ideias, apresentam graus de força. São simples ou complexas.

Impressões

  • Simples: Por exemplo, a percepção de um automóvel vermelho.
  • Complexas: A visão global de um povoado a partir de um ponto alto.

Ideias

  • Simples: A recordação de um automóvel vermelho.
  • Complexas: A recordação do povoado.

A relação de ideias se relaciona de três modos:

  • Semelhança: uma fotografia que nos leva a ter a ideia do fato original;
  • Contiguidade: de tempo e lugar;
  • Causalidade: pessoa ferida pensamos na dor que ela deve ter sentido, o ferimento é a causa, a dor o efeito.

As relações são apenas maneiras pelos quais passamos de um objeto a outro, de um termo a outro, de uma ideia particular a outra. Por exemplo: quando uma bola de bilhar choca se com outra, que então se põe em movimento, não há nada na experiência que justifique denominar a primeira bola como causa do movimento da segunda. Hume nega, portanto, a validade universal do principio de causalidade e da noção de necessidade a ele associada. O que observamos é a sucessão de fatos ou a sequência de eventos e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou eventos. È o habito criado pela observação de casos semelhantes que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que a experiência pode alcançar.

  • Francis Bacon (1561-1626). (mais conhecido como Chico Toicinho). 

Foi um nobre inglês, conhecido como o fundador do método indutivo e pioneiro no intento de sistematização lógica do procedimento científico. Ele viveu numa época de intenso movimento cultural e sua atividade política concedeu-lhe condições para dominar essa efervescência. Na filosofia de Bacon podemos destacar sua obra, Instauratio magna (A grande Instauração), de que fez parte o Novum organum (novo órgão), termo entendido como instrumento do pensamento. Por isso sua critica a lógica de Aristóteles, por considerar a dedução inadequada para o progresso da ciência. Bacon inicia seu trabalho pela denuncia dos preconceitos e das noções falsas que dificultam a apreensão da realidade, ao quais chama de ídolos: figura estatua ou imagem que representa uma divindade e é objeto de culto. Pessoa a quem se atribui grande admiração, demasiado respeito ou excessivo afeto (dicionário português).

  • Ídolo da Tribo: provem da própria natureza humana. Por exemplo: “o que tiver que ser será”,” se Deus permitir eu passo”, ao afirmar isso negamos o nosso poder de escolha, acreditamos em uma determinada crença e acabamos por sermos induzidos por meio dela, aceitando a como verdadeira, assim, trata se da comodidade das verdades dadas e não questionadas.
  • Ídolo da caverna: refere se ao individuo em particular. Em nossas cavernas habitam sonhos e aspirações que acabam por influenciar na leitura que fazemos do que está em nossa volta.
  • Ídolo do foro ou mercado: o homem é um ser social, que necessita de contato com outro, sendo esse contato por meio da comunicação das palavras. A linguagem pode ter um efeito perturbador, distorce a realidade e nos arrasta para inúteis controvérsias e fantasias. Por exemplo, a palavra sorte, que significa uma coisa inexistente, abstrata.
  • Ídolo do teatro: critica a filosofia, falsos ensinamentos que foram firmados ao longo da historia sem serem comprovados. Por exemplo: as fabulas, superstições.
Para Bacon, o conhecimento verdadeiro, sem os preconceitos ou ídolos seria pelo método indutivo, não se trata porem da indução aristotélica, mas de uma indução baconiana que visava estabelecer leis cientificas, por isso, deve proceder á enumeração exaustiva de manifestações de um fenômeno, registrar suas variações, para então testar os resultados por meio de experiências.
  • John Locke: a tabula rasa. ( John Lokão) 

John Locke (1632-1704) era médico e político atuante, de influência do liberalismo democrático burguês. Suas obras enaltecem o liberalismo, a tolerância e a liberdade política. Locke é um empirista crítico de toda a tradição do aristotelismo escolástico, suas principais obras são: Tratado sobre a tolerância, Dois tratados sobre o governo civil e Ensaio sobre o entendimento humano. Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tabula rasa, sem inscrições, John assemelha nossa mente a uma folha em branco e que nossa experiência a preenche. Por isso o conhecimento, inicia a partir das experiências sensíveis.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; Martins, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Moderna. 2009.

comentários
  1. Coringa :) disse:

    Ótimo post

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